Nos últimos anos, o farmacêutico vem ganhando cada vez mais importância no cenário de saúde no País. Aliás, esse profissional atua na promoção da saúde, de forma multifacetada, considerando as inúmeras áreas de atuação e os diferentes níveis de complexidade da carreira.
“A Educação em Saúde tem um espectro de ações que poderão contribuir muito para o setor como um todo, como a orientação ao paciente em suas demandas, estimular o autocuidado, orientação correta do uso de medicamento e todas as suas implicações”, comenta a farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FARMUSP), Dra. Maria Aparecida Nicoletti. Em entrevista exclusiva ao Guia da Farmácia, ela diz que além de fazer programas de prevenção de doenças crônicas, o farmacêutico pode participar em todos os níveis (municipal, estadual e federal) da Assistência Farmacêutica Brasileira.
Esse profissional também pode participar na gestão de medicamentos em equipes multidisciplinares, na elaboração de políticas públicas de saúde, em campanhas de saúde de conscientização sobre hábitos saudáveis. Além de incentivar como a importância da prática de atividades físicas, medidas para prevenir ou retardar o aparecimento de doenças crônicas. Outros exemplo são: prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, alimentação saudável e proposição de programas para etilistas e tabagistas para que possam superar os vícios. Além de imunização, incentivo à farmacovigilância.
“O farmacêutico pode esclarecer a respeito do uso correto de medicamentos e sua relação com a segurança do paciente, atuar no monitoramento de reações adversas e análise de interações medicamentosas e com alimentos. Além de assistência no cuidado a saúde de grupos de pessoas vulneráveis que precisam de orientações direcionadas”, afirma a Dra. Maria Aparecida.
Cuidado farmacêutico
Outra atuação possível para este profissional são as práticas de cuidado farmacêutico, considerando como foco o indivíduo em sua integralidade e em modelo biopsicossocial. Neste caso, o objetivo é o de atingir a meta terapêutica proposta de melhorar o bem-estar do indivíduo, da família, da comunidade e da população, além de contribuir para a sustentabilidade do sistema de saúde.
Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF), divulgados em julho de 2023, o Brasil conta com mais de 300 mil profissionais, atuando em diversas áreas por todo o País1.
Principais conquistas da profissão
A Dra. Maria Aparecida destaca que o desenvolvimento na ciência e da medicina em grande parte se deve aos farmacêuticos pelas inúmeras colaborações que foram capazes de fornecer ao longo dos séculos para a humanidade, como a síntese e a descoberta de medicamentos, sua industrialização e os sistemas avançados de liberação do fármaco.
Além do desenvolvimento de vacinas, estruturação da parte regulatória, normas de segurança e de qualidade. Destaque também para biofarmacotécnica, farmacocinética, farmacodinâmica, cuidado ao paciente em diferentes níveis (hospitais, UBS, farmácias, etc.), atuação em radiofármacos, além de outras inúmeras contribuições.
“Saliente-se que uma das principais conquistas foi a da competência em relação às atividades clínicas que foram estendidas mundialmente em várias esferas e o seu reconhecimento como profissional da saúde, como integrante essencial na farmacoterapia que integra equipes multidisciplinares”, comemora a especialista.
Novas frentes
Ainda de acordo com a Dra. Maria Aparecida, com todo o desenvolvimento das tecnologias cada vez mais o farmacêutico está envolvido em novas frentes com equipamentos de última geração como robótica, por exemplo.
Outras frentes são:
- Internet das Coisas (IoT);
- Telefarmácia;
- Teleinterconsulta;
- Teleconsultoria;
- Inteligência Artificial (IA);
- Estruturando hubs de saúde;
- Rastreamento em saúde;
- Televigilância;
- Biotecnologia;
- Transição do cuidado hospitalar para o domiciliar;
- Empoderamento do paciente;
- Capacitação de outros profissionais da saúde;
- Automação de processos;
- Redução de erros na saúde;
- Farmacoeconomia;
- Processos regulatórios, além de inúmeras outras inserções nas ferramentas disponíveis que possam ser utilizadas em sua competência legal de atuação, pois os farmacêuticos continuam a desempenhar um papel crucial na inovação de tratamentos e no bem-estar da sociedade.
Desafios da profissão
A necessidade de educação continuada sobre o desenvolvimento de tecnologias da área farmacêutica, como a biotecnologia, a nanotecnologia, IA, IoT e os sistemas de gestão são frentes fundamentais para o farmacêutico precisa estar atualizado.
“O farmacêutico precisa ter sempre em mente o seu desenvolvimento em soft skills (habilidades relacionadas ao profissional como capacidade de comunicação ou trabalho em equipe) e, também as hard skills (competências técnicas que um profissional deve ter para domínio de atividades que exigem conhecimento específico) e domínio de idiomas”, afirma a farmacêutica.
Portanto, ela reforça a importância de o profissional esteja apto em relação à inteligência emocional, citando alguns exemplos. “Resiliência, comunicação verbal e não verbal assertivas, mantendo sempre os princípios éticos, confiança, atitude positiva e análise crítica frente a intercorrências são competências esperadas. Além de motivação pessoal e para a equipe, organização e gestão eficientes, capacidade de trabalhar sob pressão, evitar conflitos e manter uma linearidade nos processos nas equipes de trabalho, considerando o cenário profissional atual”, diz.
Sobre a data
O Dia Internacional do Farmacêutico, comemorado nesta quarta-feira (25/09), tem como objetivo destacar a importância dos farmacêuticos para a saúde pública e promover a profissão farmacêutica no mundo. A data, escolhida pelo Conselho da Federação Internacional Farmacêutica, marca a fundação da Federação Internacional Farmacêutica (FIP), órgão criado em 1912 para promover o avanço e desenvolvimento da educação farmacêutica e o aperfeiçoamento dos medicamentos e seu uso.
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