Estudo feito por pesquisadores da Fundação do Câncer aponta que o tabagismo responde por 80% das mortes por câncer de pulmão no Brasil.
O trabalho foi apresentado pela instituição no 48º encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting (GRELL 2024, na sigla em inglês), na Suíça, em 16 de maio.
A pesquisa tem o objetivo de apresentar para a sociedade dados que possibilitem ações de prevenção da doença.
De acordo com epidemiologista Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer, o cigarro eletrônico poderá contribuir para aumentar o percentual de óbitos do câncer de pulmão provocados pelo tabagismo.
Gastos
O estudo indica que o câncer de pulmão gera gastos de cerca de R$ 9 bilhões/ano, que envolvem custos diretos com tratamento, perda de produtividade e cuidados com os pacientes.
Entretanto, a indústria do tabaco cobre apenas 10% dos custos totais com as doenças relacionadas ao câncer de pulmão no Brasil.
“O tabagismo não causa só o câncer de pulmão, mas leva à destruição dos dentes, lesões de orofaringe, enfisema [doença pulmonar obstrutiva crônica], hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral [AVC] ou derrame. Ele causa uma quantidade enorme de outras doenças que elevam esses valores significativos de gastos do setor público diretamente, tratando as pessoas, e indiretos, como perda de produtividade, de previdência, com aposentadorias precoces por conta disso, e assim por diante”, afirmou Alfredo Scaff.
Aumento dos casos
Para 2024, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima o surgimento de 14 mil casos em mulheres e 18 mil em homens no Brasil.
Dados mundiais da International Agency for Research on Cancer (IARC), analisados por pesquisadores da Fundação do Câncer, apontam que, se o padrão de comportamento do tabagismo se mantiver, haverá aumento de mais de 65% na incidência da doença e 74% na mortalidade por câncer de pulmão até 2040, em comparação com 2022.
O trabalho revela também que muitos pacientes, quando procuram tratamento, já apresentam estágio avançado da doença. Esse padrão ocorre tanto na população masculina como na feminina de todas as regiões brasileiras.
Sul
O estudo constatou que na Região Sul o hábito de fumar é muito intenso. A região apresenta maior incidência para o câncer de pulmão, tanto em homens (24,14 casos novos a cada 100 mil) quanto em mulheres (15,54 casos novos a cada 100 mil), superando a média nacional de 12,73 casos entre homens e 9,26 entre mulheres.
Apenas as regiões Norte (10,72) e Nordeste (11,26) ficam abaixo da média brasileira no caso dos homens. Já em mulheres, as regiões Norte, Nordeste e Sudeste ficam abaixo da média brasileira com 8,27 casos em cada 100 mil pessoas; 8,46; e 8,92, respectivamente.
O Sul também é a região com maior índice de mortalidade entre homens nas três faixas etárias observadas pelo estudo (até 39 anos; de 40 a 59 anos; e acima de 60).
Escolaridade
Em ternos de escolaridade, o trabalho revelou que a maioria dos pacientes com câncer de pulmão tinha nível fundamental (77% para homens e 74% para mulheres).
A faixa etária de 40 a 59 anos de idade concentra o maior percentual de pacientes com câncer de pulmão: 74% no caso dos homens e 65% entre as mulheres.
Mortalidade em mulheres
Embora as mulheres apresentem taxas mais baixas de incidência e de mortalidade do que os homens, a expectativa é que mulheres com 55 anos ou menos experimentem diminuição na mortalidade por câncer de pulmão somente a partir de 2026.
Já para aquelas mulheres com idade igual ou superior a 75 anos, a taxa de mortalidade deve continuar aumentando até o período 2036-2040.
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