Um novo estudo sugere que medicamentos como o Ozempic, conhecidos por tratar diabetes tipo 2 e obesidade, podem ajudar no tratamento do alcoolismo. Publicada na revista JAMA Psychiatry, em 13 de novembro, a pesquisa revelou que pacientes com o transtorno que usaram medicamentos GLP-1 apresentaram uma redução significativa nas hospitalizações relacionadas ao álcool.
Nos Estados Unidos, atualmente, existem apenas três medicamentos aprovados para o tratamento da dependência alcoólica, sendo a naltrexona o mais eficaz, reduzindo o risco de hospitalização em 14%.
No entanto, especialistas afirmam que essas opções não são adequadas para todos os pacientes, e a recaída continua sendo uma realidade comum. “Vejo tantas pessoas que não têm bons resultados com os medicamentos disponíveis e que estão desesperadas por ajuda”, afirma Markku Lähteenvuo, líder do estudo, em entrevista ao New York Post.
Os medicamentos, como semaglutida (Ozempic, Wegovy) e liraglutida (Victoza), funcionam imitando o hormônio natural GLP-1, que sinaliza ao corpo que está satisfeito. Segundo a pesquisa, as substâncias reduziram o risco de hospitalização por álcool em 22% e 21%, respectivamente.
Interação entre medicamentos GLP-1 e vício em álcool
A pesquisa, realizada entre 2006 e 2023, contou com 227.868 pessoas diagnosticadas com transtorno por uso de álcool (TUA). Todos os participantes também tinham obesidade ou diabetes tipo 2, o que permitiu aos pesquisadores observar a interação entre os medicamentos e o vício em álcool.
Ao longo do estudo, 63,5% dos participantes foram hospitalizados devido ao uso de álcool. No entanto, as internações foram significativamente menores entre as pessoas que usaram medicamentos GLP-1.
De um total de 75 mil pacientes tratados com medicamentos tradicionais para alcoolismo, como dissulfiram e naltrexona, 30 mil precisaram ser hospitalizados. Já entre os 4,3 mil indivíduos que tomaram semaglutida, apenas 220 hospitalizações relacionadas ao transtorno foram registradas.
Outros medicamentos GLP-1 mais antigos, como liraglutida e dulaglutida, também demonstraram resultados positivos, com redução nas hospitalizações. De acordo com o estudo, a semaglutida foi a que mais reduziu o risco de hospitalização por transtornos relacionados ao álcool, com uma redução de 36% no risco.
Os pesquisadores acreditam que a eficácia desses medicamentos se deve ao efeito que eles têm sobre o apetite, tornando as bebidas alcoólicas e açucaradas menos atraentes, além de reduzir o desejo por álcool, drogas e nicotina.
Lähteenvuo ressalta que, embora mais estudos sejam necessários, medicamentos como o Ozempic (semaglutida) podem trazer novas perspectivas no tratamento de pessoas com transtornos por uso de álcool e outras substâncias.
“Nosso estudo sugere que, além da obesidade e do diabetes, os agonistas do GLP-1 podem também ser úteis no tratamento de transtornos por uso de álcool, mas essas descobertas precisam ser confirmadas em ensaios clínicos randomizados”, afirma.
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