O número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país tem sido consideravelmente maior este ano do que o observado em 2023 e 2024, aponta o novo Boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Entre as semanas epidemiológicas 19 e 22 – as duas últimas de maio –, as notificações quase dobraram em relação ao mesmo período do ano passado, registrando um aumento de 91%. Segundo o documento, essa alta atípica de ocorrências se concentra principalmente nos estados do centro-sul do país.
A influenza A e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) têm causado o maior número de hospitalizações por SRAG, que seguem aumentando em boa parte do país. Tanto Minas Gerais quanto a capital mineira figuram entre as unidades da Federação com sinal de risco e tendência de elevação de casos, inclusive entre jovens adultos.
Com a escalada das hospitalizações de adultos por SRAG, o Ministério da Saúde liberou um novo repasse de R$ 50 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) para fortalecer o atendimento a esse público.
Considerando a semana epidemiológica (SE) 23, que vai de 1º a 7 de junho, apenas em três estados –Acre, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo – e no Distrito Federal o estudo já começa a verificar um sinal de interrupção do crescimento ou início de diminuição de casos. No entanto, a incidência de hospitalizações por SRAG nessas regiões continua muito elevada.
Pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e do InfoGripe, Tatiana Portella destaca que a influenza A tem causado o maior número de casos de SRAG no país, afetando todas as faixas etárias, mas com maior impacto nos idosos. Além disso, o VSR também tem contribuído para a alta de casos de SRAG no país, sendo este a principal causa de hospitalização de crianças pequenas. “Por isso, a gente reforça a importância da vacinação contra a gripe”, disse.
O Boletim constatou a manutenção do crescimento de influenza A na maior parte dos estados das regiões níveis de incidência variando de moderado a muito alto. Jovens, adultos e idosos são as populações mais afetadas. Os casos de SRAG em crianças pequenas, associados ao VSR, também seguem em crescimento na maior parte do país.
Estados e capitais
A análise indica que 21 das 27 unidades federativas apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo.
A atualização também verificou que 17 das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco com sinal de crescimento na tendência de longo prazo.
Os casos de SRAG em crianças de 2 até 4 anos seguem em crescimento nas cidades de Aracaju (Sergipe), Belo Horizonte (Minas Gerais), Boa Vista (Roraima), Curitiba (Paraná), Florianópolis (Santa Catarina), Goiânia (Goiás), João Pessoa (Paraíba), Maceió (Alagoas), Manaus (Amazonas), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Porto Velho (Rondônia), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) e Salvador (Bahia).
Em relação aos idosos, observa-se um aumento em Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Além disso, Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Porto Velho, Rio de Janeiro e São Luís também apresentam tendência de crescimento na população de jovens e adultos.
Notificações
Em 2025, já foram notificados 93.779 casos de SRAG, sendo 47.343 (50,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 32.264 (34,4%) negativos, e ao menos 7.893 (8,4%) aguardando resultado laboratorial. Entre os casos positivos do ano corrente, 24,5% são influenza A; 1,1% são influenza B; 45,1% são VSR; 22,3% são rinovírus; e 9,9% são Sars-CoV-2 (COVID-19).
Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, os vírus mais prevalentes entre os casos positivos foram influenza A (40%), VSR (45,5%) e rinovírus (16,6%). Entre os óbitos, destacam-se os provocados por esses mesmos, sendo 75,4% para influenza, 12,5% para o sincicial e 8,7% para rinovírus.